
Notícias
Inês Costa: “Durante anos, o ónus foi colocado no cidadão, mas a questão está nos agentes que operam no sistema”
Numa reflexão sobre o desenvolvimento da economia e da sociedade, surge com urgência a necessidade de haver mudanças reais no seio tanto do sistema económico como social. Se, no passado, os recursos naturais eram extraídos com o objetivo de suprir necessidades básicas do ser humano, atualmente, verifica-se que a extração desses recursos visa, essencialmente, o crescimento de riqueza social.
Inês dos Santos Costa apontou, no podcast From Science To People, o consumismo como caminho preferido pela sociedade atual para alcançar a satisfação humana. No decorrer do confinamento, em contexto pandémico, “houve muita gente que colocou em questão a sua vida, as expectativas em relação ao trabalho e, por consequência, refletiu sobre a existência de outras dimensões de satisfação humana para além daquela associada ao consumo”, referiu.
Desta forma, se o consumidor assume um papel fundamental como decisor entre valorizar um produto ou adquirir um novo e, por consequência, ditar o fim de vida de um produto, a verdade é que, num sistema com vários agentes que operam fora da esfera de controlo do indivíduo comum, também a indústria, na ótica de Inês Costa, precisa de ambição para modelar o contexto empresarial por forma a impulsionar a tomada de medidas mais sustentáveis.
“Há limites biofísicos que não podem ser ultrapassados, portanto, quando as empresas se aperceberem que isso é uma inevitabilidade, terão de adaptar o seu modelo de negócio a essa realidade. Será um processo muito duro, pois foram mais de 100 anos a fazer de uma determinada maneira, com um pensamento e arquitetura legal ajustado a essa realidade e, num curto período de tempo, é necessário repensar tudo.”
Ouça na íntegra o podcast abaixo.