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Valorização de Resíduos: Caminho para a Sustentabilidade

10 mai 2022Notícias

Valorização de Resíduos: Caminho para a Sustentabilidade

Valorização de Resíduos: Caminho para a Sustentabilidade

Valorização de Resíduos: Caminho para a Sustentabilidade

O caminho, no nosso país, para uma verdadeira sustentabilidade económica e ambiental passa muito por aproveitar os materiais descartados quer em processos industriais quer nos serviços e nas nossas casas.

Para se ter uma verdadeira noção da dimensão do tema resíduos, na Europa, produziram-se em 2018, cerca de 2383 milhões de toneladas de resíduos provenientes das minas, indústria transformadora, energia, construção/demolição, serviços e urbanos sendo que em Portugal esse valor foi de aproximadamente 10,3 milhões de toneladas. É ainda importante perceber que os principais destinos de tratamento de resíduos no espaço europeu são o aterro (37%) e a reciclagem (39%), sendo a Roménia e a Bulgária os países com maior taxa de deposição em aterro (94% e 85%, respetivamente) e a Itália e a Bélgica os países com maior taxa de reciclagem (79% e 77%, respetivamente). Portugal apresentou, em 2018, uma taxa de deposição em aterro de 34%, inferior à média europeia, e uma taxa de reciclagem de 48%, superior à média europeia, existindo, ainda assim, no nosso país, muita margem para uma maior circularidade dos materiais.

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Para além disso, alguns dos recursos naturais estão em vias de se extinguirem num futuro próximo. A este respeito importa referir que a Comissão Europeia, ciente de que as matérias-primas são cruciais para a economia dos seus países membros, uma vez que com elas se produz uma grande variedade de bens e aplicações utilizadas no nosso dia-a-dia e nas tecnologias mais modernas, criou, em 2011, a primeira lista de 14 matérias-primas críticas para a Europa (“Critical Raw Materials” – CRMs), que, em 2020, sofreu a quarta atualização para 30 matérias críticas.

Outro ponto importante a reter, a par das matérias-primas críticas para a Europa, é o cálculo do EarthOvershoot Day que é efetuado pela Global Footprint Network, uma Organização Internacional com sede em Oakland nos EUA. Em 2021, o dia do esgotamento da terra calculado por esta organização foi o dia 29 de julho e marca a data a partir da qual a procura anual da humanidade por recursos excede o que o planeta é capaz de regenerar naquele ano. Por outras palavras, é como se estivéssemos a utilizar o equivalente a 1,7 Terras. Falando no caso específico de Portugal, o dia calculado para o ano de 2021 foi 13 de maio, o que é ainda mais preocupante. Se todo o planeta gastasse tanto em recursos como gastaram os portugueses em 2021, então a humanidade utilizaria o equivalente a 2,75 Terras! Se a tudo isto acrescentarmos as previsões das Nações Unidas para o crescimento de 33% da população mundial, em 35 anos, tendo por referência o ano de 2015, aumentando de 7,3 mil milhões de habitantes para 9,7 mil milhões de habitantes em 2050, podemos constatar que tal resultará num aumento no consumo de materiais e consequente descarte de resíduos.

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Devemos, agora, mais do que nunca, fazer a transição de uma Economia predominantemente linear para uma verdadeira Economia Circular! Atualmente o CVR, Centro de Tecnologia e Inovação da Universidade do Minho e entidade com Estatuto de Utilidade Pública, conta com 86 associados, numa gama muito alargada de setores industriais, permitindo-nos o acesso a resíduos de diferentes tipologias e desafiando-nos, diariamente, a encontrar soluções e alternativas para problemas reais e ajustados a diferentes cenários, possibilitando-nos estar na linha da frente das boas práticas no domínio do aproveitamento de resíduos. No entanto, no CVR, reconhecemos que há alguns entraves a uma maior circularidade no uso dos materiais, nomeadamente no quadro legal, que se revela demasiadas vezes burocrático para quem pretende aproveitar resíduos, o que resulta em tempos muito longos de espera para o panorama nacional de empresas que é sobretudo composto por micro e pequenas empresas.

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O futuro, sem dúvida, será grandemente afetado por tempos de incerteza neste setor (veja-se os efeitos nefastos sobre a Energia que a guerra na Ucrânia está a gerar), o que reserva à Europa e a Portugal um papel que se impõe desafiante na procura de metodologias inovadoras para a gestão de resíduos. A constatação, nos dias de hoje, que uma parte significativa dos nossos materiais com potencial de recuperação é enviada para aterro, sem mais aproveitamento, ou é gerida no incumprimento pela lei, implicando perdas económicas e/ou ambientais para o nosso País, constitui por si, e em simultâneo, a alavanca e o terreno de atuação futura dos Centros de Tecnologia e Inovação e das Universidades deste país.

 

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Autor: Jorge Araújo, Diretor Executivo do CVR - Centro para a Valorização de Resíduos.

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