Um penso convencional tem como principal função cobrir e proteger a ferida, promovendo um ambiente na superfície desta no qual a cicatrização possa ocorrer de forma rápida e completa, sem a ocorrência de possíveis infeções. Estes pensos feitos de ligaduras naturais e/ou sintéticas, gazes, algodão, entre outros, são utilizados simplesmente para proteger a ferida de contaminações. Adicionalmente, os pensos tradicionais geralmente aderem à ferida, podendo causar uma nova lesão aquando da sua remoção, e desta forma, comprometer o processo de cicatrização. Para além disso, no caso das queimaduras a elevada frequência de renovação proveniente do efeito pouco duradouro das soluções utilizadas faz com que o processo de recuperação se torne doloroso e, por vezes, mais demorado. Devido às limitações que estes pensos apresentam, a investigação e o desenvolvimento de novos pensos com propriedades adicionais que promovam o processo de cicatrização da ferida, e não apenas a sua proteção, são essenciais.
Efetivamente, ao longo dos anos, o desenvolvimento de pensos atingiu padrões mais elevados, baseando-se na criação de um ambiente ideal no local da ferida, no qual a aceleração da cicatrização, a regeneração da pele, a troca de oxigénio e as propriedades antimicrobianas são alguns dos principais objetivos. Estes tipos de soluções avançadas apostam na utilização de materiais que apresentam maioritariamente as seguintes características: transparência, capacidade de manter a zona da ferida húmida, propriedades antibacterianas e antifúngicas, alta capacidade de absorção do exsudato da ferida e remoção fácil e indolor. Contudo, a maioria das soluções utilizam colas e materiais adesivos de natureza sintética que muitas vezes provocam alergias e inflamações ao redor da zona afectada.
Para além disso, o processo de troca de penso incluindo a sua adesão/remoção provoca danos no sítio da ferida capazes de atrasar a regeneração da ferida para além da dor provocada ao paciente. Neste sentido, existe um crescente interesse no desenvolvimento de soluções de base natural capazes de aderir à pele funcionalmente sem necessidade de colas/adesivos, eficazes no tratamento, mas sem a necessidade de serem removidas evitando a dor associada e o atraso na regeneração.
Desta forma, pretendemos desenvolver da forma mais sustentável possível, membranas de nanofibras produzidas pelo processo de electrospinning, para aplicação no tratamento de feridas e queimaduras na pele.
