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Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais

Entrevista

Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais

Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais

O Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais foi criado em 14 de março de 1930 e o seu objetivo consiste em realizar investigações sobre fibras naturais, com o intuito de fornecer matérias-primas de alta qualidade para a indústria. Nesta edição da newsletter, entrevistámos o Prof. Ryszard M. Kozlowski *, Diretor Adjunto da Ciência do Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais em Poznań, a fim de ficar a conhecer as linhas gerais desta organização.

Como é que se apresenta o Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais (qual é a missão, visão e valores deste instituto)?
O Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais (INF & MP), oficialmente IWNiRZ, tem realizado investigações desde há quase 90 anos na área das plantas fibrosas naturais: criação, cultivo, colheita, processamento primário e áreas de aplicação multifuncional em têxteis, têxteis técnicos, compósitos, utilização de subprodutos e também na criação, cultivo e novas aplicações de plantas medicinais. O Instituto possui seis quintas agrícolas experimentais e um único moinho experimental de processamento primário. Nós administramos o banco de genes de plantas fibrosas – linho, cânhamo e plantas medicinais, bem como o Banco Internacional de Fibras Naturais com centenas de amostras diferentes de fibras naturais recolhidas em todo o mundo. A nossa missão passa por realizar a investigação interdisciplinar relacionada com a produção economicamente viável de linho e cânhamo para produção de sementes, bem como de plantas e ervas medicinais. O Instituto também opera no Market Research Point, onde todos os produtos atualmente desenvolvidos são avaliados pelos clientes. O INF & MP está a editar também o único Jornal biológico bimensal de Fibras Naturais (publicado por Taylor & Francis Group, EUA), trimestralmente publicado pela revista Herba Polonica e pela Newsletter EUROFLAX (FAO/ESCORENA). O Instituto tem duas empresas: a LENKRAJ Ltd., responsável pela produção e entrega de sementes de linho para produção de petróleo, e a PLANTINOVA Ltd., fundada em 2014. Pretende-se através delas promover e comercializar o trabalho do INF&MP, como know-how, patentes, tecnologias e serviços de laboratórios, utilizando, por exemplo, uma ferramenta eficaz de comunicação empresarial.

O Instituto coopera com um conjunto muito vasto de organizações e centros mundiais na área das fibras naturais, incluindo universidades e centros de investigação na Europa, Ásia, África, América do Norte e do Sul. Emprega cerca de 200 especialistas, incluindo especialistas de alto nível na área de conhecimento de fibras naturais. O Instituto publicou o “Manual de Fibras Naturais”, em conjunto com a Woodhead Publishing, Cambridge, Reino Unido em 2012, e recentemente, em julho de 2017, um livro “Fibras naturais: propriedades, comportamento mecânico, funcionalidade e aplicações”, publicado pela NOVA Science Publishers, INC ., Hauppauge, EUA.

Quando é que este instituto foi criado? Qual foi o objetivo por detrás da sua criação?
O Instituto foi criado em 14 de março de 1930, em Vilnius. As autoridades governamentais polacas na nova Polónia independente decidiram que a terra da Polónia não teria apenas que alimentar as pessoas, mas deveria também fornecer matérias-primas fibrosas para tecidos e roupas domésticas. Após a Segunda Guerra Mundial, o Instituto foi transferido de Vilnius para Poznań, localizado na Polónia Ocidental. Este foi também o momento em que as fibras artificiais começaram a ser introduzidas no mercado têxtil.

Qual é o principal objetivo desta organização?
O principal objetivo do Instituto de Fibras Naturais e Plantas Medicinais em Poznań, na Polónia, consiste em realizar pesquisas sobre fibras naturais com o intuito de fornecer matérias-primas de alta qualidade para a indústria têxtil (com análise económica), como o linho e o cânhamo, e também a lã doméstica e a seda produzida localmente. Hoje em dia, o Instituto é uma cadeia muito importante na produção mundial de recursos de fibra natural renovável e desenvolve-se de forma competitiva a fim de continuar a investigação sobre fibras naturais e plantas medicinais para desenvolver produtos diversificados, ao mesmo tempo que se dedica a ensinar estudantes na Universidade de Ciências da Vida e estudantes estrangeiros.

O nosso objetivo prende-se também com a intenção de promover as fibras naturais como uma excelente matéria-prima para a confeção de roupas saudáveis e têxteis domésticos. O Instituto de Fibras Naturais contribuiu ativamente para as celebrações do Ano Internacional das Fibras Naturais 2009 (IYNF 2009), sugerido pela 33ª Sessão da Conferência da FAO, de 19 a 26 de novembro de 2005 e declarado pelas Nações Unidas.

Os objetivos do IYNF consistiram em:

  • Sensibilizar para a importância da produção e consumo dessas fibras, quer ao nível das comunidades agrícolas, que as produzem, quer ao dos benefícios de saúde / bem-estar e meio ambiente, para quem as consome;
  • Promover a eficiência e a sustentabilidade das indústrias de fibras naturais, facilitando a partilha de conhecimentos e os resultados da experiência aos níveis internacional e nacional.
  • Promover uma parceria internacional eficaz entre as várias indústrias de fibras naturais e outras entidades relevantes que participarão da celebração do IYNF, e que será sustentada para poder funcionar ativamente no futuro. Por isso, ainda opera um importantíssimo site, criado em 2009, que é executado no link: http://naturalfibres2009.org/

A Iniciativa Discover Natural Fibers, criada inicialmente sob a alçada da FAO fruto das atividades do IYNF 2009, desenvolve e realiza atividades altamente proveitosas com o envolvimento de várias instituições que lidam com fibras naturais, incluindo INF & MP.

Qual foi o motivo que o levou a trabalhar com fibras naturais? Quais são as potencialidades associadas a essas fibras?
Quando me formei na Faculdade de Química Aplicada da Universidade Adam Mickiewicz em Poznań, em 1961, entrei em contacto com o Institute of Bast Fibers Crops (nome anteriormente atribuído ao INF & MP). A minha ideia na altura consistia em desenvolver compósitos – aglomerados.

No início do meu trabalho, não estava convencido de que as fibras naturais tivessem um futuro promissor. Nos anos 60 e 70, as pessoas ficaram fascinadas com as fibras artificiais e com os produtos que delas derivavam. Mas, no final de 1980 e 1990, essa ideia mudou e cada vez mais pessoas começaram a ansiar a utilização de fibras naturais em produtos indispensáveis. Em 2000 e 2003, recebemos no INF o Prof. Hiromi Tokura, da Universidade de Nara, no Japão, que nos convenceu a iniciar uma investigação comparativa entre o comportamento do corpo humano sob a influência de vestuário e de roupa interior e de cama com base em fibras naturais e com base em fibras sintéticas ou artificiais.

Hoje em dia abundam críticas relativamente a estas fibras artificiais, tal como o poliéster, que causa uma poluição terrível (pequenas micro e nanofibras são libertadas durante o processo de lavagem), perigosa para todos os seres vivos do planeta. Agora, a situação está completamente alterada, observa-se grande interesse nas fibras naturais, incluindo nas “bast plants”, como a cannabis sativa e também o cânhamo de marijuana. Muitas empresas inteligentes estão a fazer bons negócios no âmbito da área medicinal da aplicação de canabinóides e óleos essenciais, que podem ser obtidos a partir de panículas floridas de plantas de cannabis.

Quando é que surgiu esta parceria com a Universidade do Minho?
Em 2000, começamos a participar ativamente na COST Action 847 Textile Quality and Biotechnology, juntamente com muitos parceiros internacionais, incluindo representantes da Universidade Minho – Prof. Dr. Artur Cavaco-Paulo. Os resultados da investigação conjunta foram publicados no livro “Biotechnology in Textile Processing”, editado por Georg M. Guebitz, Artur Cavaco-Paulo e Ryszard Kozlowski, em 28 de outubro de 2006.

Uns anos mais tarde, a Universidade do Minho começou a organizar a ICNF – Internacional Conference on Natural Fibers, que é organizada de forma excelente pela Universidade do Minho e pelo Dr. Raul Fangueiro e a sua equipa. Durante esta conferência, decorreu uma reunião do Fórum de Inovação de Fibras Naturais e os especialistas discutiram a ideia de criar uma Associação Mundial de Investigação em Fibras Naturais.

Considera que as Fibras Naturais são as fibras do futuro? Porquê?
Sim, as fibras naturais são as fibras do futuro, porque são renováveis, sustentáveis, ecológicas e amigas do ambiente.

Não me choca, por enquanto, a coexistência e a concorrência entre fibras naturais e artificiais desde que, no âmbito da qualidade, não seja criada poluição ou qualquer dano para o meio ambiente.

O desenvolvimento na investigação e em diferentes tecnologias modernas de produção e processamento de fibras naturais está a fazer emergir as novas áreas para a sua aplicação. Na minha opinião, explorar o potencial das fibras naturais pode ajudar a desenvolver as áreas rurais do nosso planeta, especialmente as das regiões pobres, onde há abundância e diversidade de fibras. Como editor-chefe do Journal of Natural Fibers, foi-me dado a observar recentemente um aumento significativo na submissão de artigos de investigação sobre espécies novas e não novas de fibras naturais e as suas potenciais aplicações.

* Esta entrevista foi preparada pelo Prof. Dr. Ryszard M. Kozlowski, Diretor Adjunto da Ciência do Institute of Natural Fibres and Medicinal Plants em Poznań, e por Maria Mackiewicz-Talarczyk, MSc, Eng, assistente do Professor Kozlowski, Secretária da ESCORENA Focal Point.
Data: Julho/2017

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