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Gerir eficazmente os resíduos para uma indústria sustentável
Artigo de opinião de Luís Veiga Martins – Diretor Geral da Sociedade Ponto Verde
Em Portugal, 7 em cada 10 lares fazem diariamente a separação doméstica de embalagens usadas para reciclagem. O aumento do número de separadores no nosso País reflete o aumento da consciência em relação à importância social, económica e ambiental da reciclagem e das atividades de gestão de resíduos urbanos, que têm atualmente um impacto direto superior a 350 milhões de euros e são responsáveis pela criação de mais de 15.000 postos de trabalho diretos e indiretos. Os dados fazem parte de um estudo promovido pela Sociedade Ponto Verde, entidade que tem como missão organizar e gerir – em nome dos embaladores/importadores, distribuidores, fabricantes de embalagens e materiais de embalagem – a retoma e valorização dos resíduos de embalagens através da implementação do Sistema Ponto Verde.
Esta mudança de mentalidades, que se operou nos últimos 20 anos e espelha o envolvimento dos diversos intervenientes do setor dos resíduos, das autarquias às empresas, passando pelas empresas distribuidoras e pelo cidadão, é fundamental para o desenvolvimento de uma indústria sustentável, uma vez que potencia uma gestão mais eficiente e reduz os impactes ambientais decorrentes da extração de novos recursos naturais. Sabe-se que uma parte significativa dos resíduos urbanos pode ser alvo de reutilização e valorização material e, como tal, deve ser devolvida à economia como um recurso secundário.
De acordo com a Comissão Europeia, estima-se que as melhorias de eficiência na utilização dos recursos em todas as cadeias de valor da indústria possam reduzir as necessidades de novos materiais de 17 % a 24 % até 2030, e que a melhor utilização dos recursos permita uma poupança potencial de 630 mil milhões de euros por ano para a indústria europeia.
Por outro lado, acredita-se que a produtividade dos recursos possa melhorar em 30 % até 2030 e que, por sua vez, esse aumento da produtividade dos recursos permita o incremento do produto interno bruto da União Europeia em 1 % e a criação de novos postos de trabalho.
O novo pacote para a Economia Circular e a concretização das metas nacionais e europeias na área da reciclagem e valorização de resíduos vão obrigar à otimização dos recursos materiais e energéticos, promovendo a sustentabilidade ambiental, económica e social dos países, em particular na Europa.