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Por eles, por nós… por todos!

15 abr 2020Clipping

Por eles, por nós… por todos!

Por eles, por nós… por todos!

Por eles, por nós… por todos!

Artigo de opinião de Raul Fangueiro Coordenador na Fibrenamics — Universidade do Minho

Numa fase de elevada incerteza e insegurança face à propagação galopante de um vírus que se tem mostrado invisivelmente cruel e devastador, somos, cada um de nós, chamados a adotar comportamentos que minimizem os seus efeitos, protegendo-nos e protegendo os outros. As medidas de isolamento social são, sem dúvida, uma arma poderosa à nossa disposição e que, tal como já comprovado noutros países, tem um efeito muito positivo na diminuição do aparecimento de novos casos de infeção, mas sobretudo, na redução da sua concentração em períodos bastante curtos, permitindo aos serviços de saúde gerir de forma mais eficaz a sua resposta.

Somos, portanto, chamados a fazer a nossa parte, a dizer: “Estou cá! Podem contar comigo!”. Afinal, não nos pedem muito: Ficar em Casa! Trata-se do mínimo que podemos fazer por respeito a quem, todos os dias, garante que o país não para, não podendo ficar em casa. Por respeito a todos os profissionais de saúde que diariamente se expõe a riscos elevados para garantir o tratamento de quem necessita, mesmo quando as condições não são as melhores. Efetivamente, considerando os diferentes apelos tornados públicos ao longo dos últimos dias, verifica-se escassez de equipamentos de proteção individual (EPI) em hospitais, centros de saúde, lares, entre outros. Máscaras, luvas e batas são apenas alguns dos EPI em falta.

Estes apelos têm, por outro lado, originado uma corrente de solidariedade à escala nacional, que se tem traduzido na doação de equipamentos detidos por empresas e por cidadãos individuais e, mesmo, na tentativa de produção destes equipamentos por reconversão de processos produtivos inicialmente não dedicados à sua fabricação e eventual utilização de materiais alternativos. Neste âmbito, importa clarificar que os EPI utilizados em meio hospitalar obedecem, normalmente, a um conjunto de normas aceites a nível europeu e que determinam os níveis de desempenho de cada um deles, tornando-os aptos para utilização, em segurança, pelos profissionais de saúde. O recente comunicado da Comissão Europeia, através da European Safety Federation (ESF), acerca da fabricação artesanal de EPI, nomeadamente de máscaras de proteção, vem alertar precisamente para o facto de muitas das máscaras de proteção disponibilizadas no mercado não cumprirem estas normas, não sendo, portanto, indicadas para utilização por estes profissionais.

As máscaras de proteção aconselhadas pela ESF, para utilização no âmbito da pandemia provocada pelo COVID-19, são de dois tipos: máscaras médicas faciais (ou máscaras cirúrgicas), de acordo com a Norma EN 14683 Tipo II ou superior, e máscaras de filtração de acordo com a EN149, com nível FFP2 ou FFP3. As primeiras são desenhadas apenas para a retenção de partículas emitidas pelo utilizador, não tendo como função primária a proteção deste contra agentes patogénicos externos e são usadas para evitar que o utilizador espalhe o vírus através de tosse ou espirros. As segundas têm a capacidade de filtrar o ar inalado e, em alguns casos, o ar exalado, sendo capazes de filtrar 92% das partículas, no caso das FFP2, e 98%, no caso das FFP3. Estas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, deverão ser utilizadas preferencialmente por prestadores de cuidados de saúde. Neste âmbito, a disponibilização de máscaras de proteção para uso em ambiente hospitalar deve, portanto, obedecer aos normativos estabelecidos na União Europeia, garantindo o nível de proteção adequado e evitando passar mensagens de falsa segurança, que em nada contribuem para a eficácia da atuação de médicos e enfermeiros, em contexto de crise.

A necessidade massiva de EPI em contexto de pandemia, embora colocando a nu as fragilidades do nosso tecido produtivo, principalmente no domínio da produção das matérias-primas de base destes equipamentos, impele-o igualmente para o sentido de missão que nos é característico, procurando, com os meios disponíveis, responder a tais necessidades. São inúmeros os exemplos de empresas que rapidamente se disponibilizaram a produzir equipamentos de proteção e que, de forma voluntarista e desinteressada, oferecem os seus serviços para responder aos crescentes apelos. Por outro lado, também os profissionais de saúde têm criado grupos de trabalho, muitas vezes em parceria com empresas e profissionais de outras áreas, para tentar encontrar soluções para o problema. Também as associações empresariais e os centros tecnológicos têm dado o seu contributo, como instituições que conhecem bem a rede de empresas disponível e as suas capacidades. As Universidades, de igual forma, têm prestado o aconselhamento possível, considerando as evidências técnico-científicas mais recentes. Verifica-se, pois, um esforço coletivo para se dar resposta a este desafio.

Neste momento urge haver integração e coordenação reais e consequentes entre todos estes agentes que deverão ser lideradas por quem pode estabelecer as necessidades e definir os requisitos aceitáveis para a utilização destes EPI nos mais diversos contextos. Deverão considerar todos os profissionais, em função do nível de risco a que estão sujeitos, incluindo prestadores de cuidados de saúde, bombeiros, polícias, militares, entre tantos outros, sem esquecer todos aqueles que continuam a manter o país em funcionamento e cujas atividades continuam a exigir proteção adequada. Certamente que, desta forma, esta resposta concertada terá um efeito mais rápido e eficaz. Acredito que estaremos todos disponíveis para isso. Por eles, por nós…por todos!

Fonte: Dinheiro Vivo

Autor: Raul Fangueiro

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