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Por um dia sem limitações severas impostas pelas gerações anteriores
Artigo de opinião de Raul Fangueiro, Coordenador Fibrenamics - Universidade do Minho.
Os fenómenos ocorridos nos últimos tempos em diversos locais do nosso planeta, como a Europa central, a China ou a Austrália, são uma prova inequívoca dos efeitos da ação do homem nas alterações climáticas. Como exemplo disso, encontramos o surgimento de eventos extremos como grandes fogos florestais, chuvas intensas, secas prolongadas, entre outros. Efetivamente, a comunidade científica parece ser unânime na correlação das causas destes eventos com o aquecimento global, uma vez que, em grande medida, os fenómenos são provocados pela enorme libertação de gases com efeito de estufa provenientes da atividade humana, como é exemplo a queima de combustíveis fósseis, o abate da floresta tropical e a pecuária.
Por outro lado, a data prevista para o Dia de Sobrecarga da Terra (Overshooting day) para 2021, é 29 de julho, sendo que a partir desta data estaremos já a consumir recursos naturais relativos ao ano de 2022. Apesar do efeito da pandemia provocada pela COVID19 ter tido um efeito positivo neste âmbito, sobretudo devido à redução da atividade humana derivada dos períodos de confinamento, este indicador continua a ser bastante preocupante no que à sustentabilidade do planeta diz respeito. De facto, o modelo linear, que compreende a extração, o processamento e o descarte no final do ciclo de vida, está completamente falido, sendo que urge avançar com a implementação de medidas de utilização generalizada de recursos naturais renováveis e, em grande medida, de valorização de resíduos. Em 2018, a taxa de reciclagem de resíduos sólidos urbanos em Portugal era apenas de 38% quando comparados com os 65% da Alemanha ou os 61% de Singapura. Temos que fazer mais...muito mais!
Nos últimos anos, a Fibrenamics tem procurado responder a este desafio societal de elevada importância, em completo alinhamento com a estratégia definida pela União Europeia, no que diz respeito ao Pacto Ecológico Europeu (Green Deal). O reconhecimento por parte da UE, através dos REGIOSTARS, da importância da Fibrenamics Green como plataforma agregadora de competências e de desenvolvimento de soluções sustentáveis com base em resíduos, foi sem dúvida um marco importante na estratégia delineada pela Fibrenamics há 5 anos para a sua atuação no pilar da sustentabilidade. Através do modelo disruptivo concebido e implementado, com integração profícua da ciência e da tecnologia com o design e o marketing, foi possível, a partir daí, levar a cabo um conjunto muito alargado de projetos que resultaram em soluções sustentáveis para o futuro, em completa harmonia entre a academia e as empresas.
No futuro próximo, faremos mais e melhor! Continuaremos a contribuir para a construção de um planeta mais sustentável para todos, no qual as gerações vindouras possam construir o seu próprio futuro sem as limitações severas impostas pelas gerações anteriores. A Fibrenamics, continuará a gerar o conhecimento que lhe permita desenvolver soluções sustentáveis com base em fibras naturais, em biopolímeros e em resíduos, mas também no ecodesign e na biomimética, assumindo, em cada projeto, a responsabilidade de olhar o futuro com os olhos da natureza, na qual “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Fibre the Future!
Autor: Raul Fangueiro